domingo, abril 17, 2011

Resenha: Brincando com Fogo - Laura Elias

Bem, pessoas... esta resenha demorou mais do que o normal para ficar pronta, O principal motivo desta demora foi a incapacidade de falar do livro sem spoillers. Foi uma tarefa difícil... um desafio.

Brincando com Fogo foi lançado em janeiro de 2011. É uma história cheia de mistérios, e, com um final surpreendente (para variar).

O livro fala da história de um triângulo amoroso, cercado de mistério e com um toque de sobrenatural, bem característico da autora. Ele começa narrando o casamento de Julia e Gerald, um milionário bem mais velho que ela. Logo depois, a história pula para anos mais tarde, com Julia liderando o império de Gerald após sua morte. Porém Julia está muito perturbada, pois ela começa a ouvir vozes estranhas, e, como se não bastasse a preocupação por sua sanidade, Julia é forçada a enfrentar um processo de reconhecimento de paternidade de um homem que se diz filho de seu falecido marido.


Julia é uma bela e forte mulher, carinhosa, que não possui família. Seus pais morreram e seu irmão se matou. Mas ela tem em Marion uma grande amiga desde a infância, e, as duas são quase irmãs.

Quando Julia se vê obrigada a conhecer o sedutor Lucas, o suposto filho ilegítimo de Gerald, algo acontece e uma estranha atração se inicia. Mas... ele é quase eu enteado. Como lidar com isso?

O triângulo amoroso se firma quando Marion conhece Lucas e se apaixona instantaneamente.

O livro traz outras histórias interligadas, claro, e outros personagens igualmente interessantes, como: Bob Lion (um detetive cético) e Paul e Esperanza (dois paranormais muito singulares). Estes três desempenham um importantíssimo papel no desenrolar da história, e, como sempre, Laura consegue colocá-los em uma dimensão muito real, tanto com relação à suas características, quanto com relação ao sobrenatural. Mais uma vez sua história tem um toque de sobrenatural que confunde o limiar entre real e irreal.

O que mais mexeu comigo neste livro foi a forma com que Laura Elias conseguiu "fugir" do comportamento tradicional com a protagonista. Estamos tão acostumadas com um tipo de desenvolvimento com relação ao protagonista, que, por muitas vezes me peguei reclamando com a autora (em minha mente, claro!) sobre o comportamento de Julia. Muitas vezes me peguei pensando: "Laura, esta é a Julia, a PROTAGONISTA! Como você pode permitir estas atitudes dela?" Mas como Laura Elias sempre inova e surpreende, tudo tem seus motivos bem justificados, e, apesar de "fora de padrão", o final da história continua inesperado e... lindo! Quem ler o livro saberá exatamente do que falo aqui. 

Ao ler este livro, concluí uma coisa que eu observo desde o primeiro livro de Laura Elias que eu li: ela dá um novo sentido ao termo Personagem Cíclico. Sabe aquele personagem que vai mudando durante a história? Aquele que começa bonzinho de depois vira um vilão e vice-versa? Então... Laura Elias dá um novo conceito à isso, pois a maioria dos seus personagens se transformam e "retransformam" durante suas histórias. E nem preciso dizer que ela faz isso com maestria, né?! Isso também mostra o quão real são seus personagens, sem os estereótipos de vilão e mocinho... todos erram, todos têm defeitos, e no fim, o que  define o caráter de uma pessoa são as escolhas que ela faz em meio às situações.

Nesse livro, além do triângulo amoroso e do sobrenatural, Laura aborda discretamente outros temas muito atuais: o alcoolismo (com o pai de Julia), as drogas (com seu irmão Eric -que se matou- e seu amigo Sebastian), o uso indiscrimado de calmantes (com a mãe de Marion). Enfim, o livro tem uma forte apelação com relação à dependência química.

Bem, Laura Elias foi mais uma vez perfeita neste livro, desde sua história até a forma de narrar os fatos e seu surpreendente final, deixando ainda uma pergunta no ar: "Quem sabe que alma habita este pequeno ser?" 

Umm... meu palpite é Eric, e o seu?

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